Título original: Slumdog Millionaire
Ano de lançamento (E.U.A/Inglaterra): 2008
Direção: Danny Boyle
Há 4 ou 5 meses atrás quase ninguém apostava num tal de ´´Slumdog Millionaire`` nas principais categorias do Oscar (inclusive eu). Hoje, favorito absoluto e com expressivas 10 indicações, o filme deve ser o grande vencedor do 81 th Academy Awards levando a dobradinha filme-diretor. E por quê o motivo de tamanho sucesso surgir de maneira repentina e avassaladora? São tantos que com certeza esquecerei algum nesta resenha, mas um resumo bem específico exemplifica: ´´Quem quer ser um milionário?`` é um conto dos tempos modernos, uma fábula imaginária e realista da nossa época, a inclusão de pessoas comuns que passam por situações tristes, terríveis, degradantes e possuem força de superação para irem atrás de seus objetivos, sendo este nada menos que um amor perdido e eterno. Quem não gosta disso? Transcedendo a enorme beleza estética da trama temos Danny Boyle, que faz sem dúvidas um dos trabalhos de direção mais magnifico e inovador dos últimos anos. Tudo visto em tela é fruto do desempenho sublime deste super talentoso e brilhante diretor.
Jamal Malik (Dev Patel/ Tanay Chheda/ Ayush Mahesh) é um pobre favelado de Mumbai, na Índia, aparentemente um rapaz sem muita educação formal. Mas num programa telvisivo de sucesso (tipo um ´´Show do Milhão``) ele estar a uma pergunta de conseguir o prêmio máximo. Como ele conseguiu chegar até aqui? Trapaceou? Sortudo? Gênio? Destino? Mandado a uma sala de interrogátorio ele é torturado por militares e obrigado a esclarecer como o fez (já que ninguém acreditava num favelado para o prêmio máximo). Jamal então assiste junto com o militar uma fita contendo o programa do qual ele participou e todos verão como ele respondeu às perguntas, começamos através dessa narrativa totalmente complexa e diferente a entrarmos no mundo de Jamal, pois acontece que as perguntas do programas quase todas possuiam alguma ligação com os principais acontecimentos da triste história de vida do garoto e passamos por sua infância, adolescência e fase atual, à medida que o verdadeiro motivo dele participar do programa é revelado. Tudo por amor, o amor eterno que por motivos e ocasiões trágicas ele nunca pode ter, o amor de sua companheira de infância Latika (Freida Pinto/ Tanvi Ganesh/ Rubianna Ali), atrapalhado inclusive pelo próprio irmão de Jamal, Salim (Maduhr Mittal/ Ashutosh Lobo/ Chirag Parmar).
Uma definição do longa nos dias atuais onde o cinema mundial passa por uma crise de originalidade é esta: o filme é diferente e portanto, original. A começar pela narrativa nada convencional empregada na trama. Misturam-se presente (Jamal no interrogatório) e passados distintos (Jamal no programa, Jamal criança, jovem e adulto), todas ligadas entre si e apresentando uma conexão importante na vida simples e triste do garoto, fazendo do roteiro de vai-e-vêm um primor de objetividade, em momento algum tornando-se confuso. Claro que por este aspecto da trama nunca cair em desentedimento com o espectador valorizamos a brilhante e melhor montagem da temporada, que mantém a mesma conectividade presente no texto do longa e liga as fases de maneira rápida, frenética, mas sempre precisa e coerente, sendo este o principal elemento técnico da fita. Além disso temos uma fotografia eficiente no exercício de sua função, já que como o longa coloca-se como um conto, uma fábula, a fotografia transborda em cores vivas e fortes nas mais diversas fases da história, e impressionante como este trabalho cinematográfico vai sempre evoluindo, como se estivesse acompanhando a evolução não só da própria trama, mas de Mumbai em si.
A trilha de A.R. Rahman é fantástica, sublime e precisa em todas suas faixas. Alterna entre momentos de tensão, romance e a própria fábula em si, destaque para as faixas ´´Riots`` e ´´Mausaum and escape``. Ajudada este pela perfeita união e composição entre a qualidade sonora do longa, a edição e mixagem de som são de perfeito encaixe para a composição sentimental do longa. E por quê atores desconhecidos e sem muita experiência como Patel, destaque entre as atuações (carrega boa parte do drama para si próprio), Pinto e todos os outros, principalmente as espetaculares crianças, obteram um desempenho tão acima da média, levando-os a um status de gente grande? A resposta é Danny Boyle, a resposta de tudo é Danny Boyle, o diretor nos oferece um trabalho primoroso, sensacional, instigante e acima de tudo super cativante. Aliás este fora o principal mérito da sua direção; conseguir cativar o espectador de maneira convincente e inovadora como este o fez.
O único que não vi de sua filmografia ainda é ´´Caiu do Céu``. Do resto podemos perceber o fascínio de Boyle em pegar pessoas comuns, submetê-las a situações inusitadas e inesperadas e ao estudarmos o peculiar de cada uma delas, percebemos que nem o personagem nem nós mesmos (meros espectadores) sabemos o que este virá a fazer em seguir. Vemos isso bastante no seu primeiro longa ´´Cova Rasa`` e até em filmes com tramas apocalípticas tais ´´Sunshine`` e ´´Extermínio`` encontramos essas características. Ao nos cativar com uma história triste e miserável de Jamal ele consegue levar o personagem a status de herói, um herói comum em carne e osso, e isso é algo que Jamal nunca pensou nem considera ser. Outro grande ponto como já afirmado antes foi a condução de elenco feita pelo diretor, necessitando de um trabalho mais especial e cuidadoso nesta área. Utilizando clichês ele praticamente os elimina de forma inteligente, já que os transforma em mais um elemento da fábula passada e permitindo que um possível momento superficial passasse longe da cena. E embora utilize de recursos conhecidos uma contraste positiva na sua direção é a sua maneira de inovar, usando um estilo de câmeras em posições e cores diferentes. Misturando e equilibrando tensão, aventura, romance, comédia, fábula, o diretor nunca perde o foco da trama e mantém a mesma importância e curiosidade o espectador acerca de cada fase da vida de Jamal, sabendo conduzir o mesmo ritmo em duas horas de projeção. Enfim, de um trabalho brilhante nunca lembramos de tudo que gostaríamos, então irei parar por aqui.
E outra pergunta. Por quê comentei tanto de cada aspecto preciso e detalhado da fita? Porque na minha opinião uma obra-prima é aquele filme do conjunto, onde unindo todos seus aspectos obtêm-se o resultado, uma obra para ser assistida de maneira detalhada. Portanto posso afirmar, e são poucos ultimamente que entram nessa lista, que ´´Quem quer ser um milionário?`` é uma obra-prima e desde já minha torcida para o Oscar, num ano em que a lista de indicados foi no geral fraca, ao menos meu preferido do ano será o possível vencedor.
Cotação: 10
Torcida no Oscar: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição, Melhor Fotografia, Melhor Canção (Jai-ho).
Que pena não ser candidato: Melhor Ator Coadjuvante (Dev Patel).
Ano de lançamento (E.U.A/Inglaterra): 2008
Direção: Danny Boyle
Há 4 ou 5 meses atrás quase ninguém apostava num tal de ´´Slumdog Millionaire`` nas principais categorias do Oscar (inclusive eu). Hoje, favorito absoluto e com expressivas 10 indicações, o filme deve ser o grande vencedor do 81 th Academy Awards levando a dobradinha filme-diretor. E por quê o motivo de tamanho sucesso surgir de maneira repentina e avassaladora? São tantos que com certeza esquecerei algum nesta resenha, mas um resumo bem específico exemplifica: ´´Quem quer ser um milionário?`` é um conto dos tempos modernos, uma fábula imaginária e realista da nossa época, a inclusão de pessoas comuns que passam por situações tristes, terríveis, degradantes e possuem força de superação para irem atrás de seus objetivos, sendo este nada menos que um amor perdido e eterno. Quem não gosta disso? Transcedendo a enorme beleza estética da trama temos Danny Boyle, que faz sem dúvidas um dos trabalhos de direção mais magnifico e inovador dos últimos anos. Tudo visto em tela é fruto do desempenho sublime deste super talentoso e brilhante diretor.
Jamal Malik (Dev Patel/ Tanay Chheda/ Ayush Mahesh) é um pobre favelado de Mumbai, na Índia, aparentemente um rapaz sem muita educação formal. Mas num programa telvisivo de sucesso (tipo um ´´Show do Milhão``) ele estar a uma pergunta de conseguir o prêmio máximo. Como ele conseguiu chegar até aqui? Trapaceou? Sortudo? Gênio? Destino? Mandado a uma sala de interrogátorio ele é torturado por militares e obrigado a esclarecer como o fez (já que ninguém acreditava num favelado para o prêmio máximo). Jamal então assiste junto com o militar uma fita contendo o programa do qual ele participou e todos verão como ele respondeu às perguntas, começamos através dessa narrativa totalmente complexa e diferente a entrarmos no mundo de Jamal, pois acontece que as perguntas do programas quase todas possuiam alguma ligação com os principais acontecimentos da triste história de vida do garoto e passamos por sua infância, adolescência e fase atual, à medida que o verdadeiro motivo dele participar do programa é revelado. Tudo por amor, o amor eterno que por motivos e ocasiões trágicas ele nunca pode ter, o amor de sua companheira de infância Latika (Freida Pinto/ Tanvi Ganesh/ Rubianna Ali), atrapalhado inclusive pelo próprio irmão de Jamal, Salim (Maduhr Mittal/ Ashutosh Lobo/ Chirag Parmar).
Uma definição do longa nos dias atuais onde o cinema mundial passa por uma crise de originalidade é esta: o filme é diferente e portanto, original. A começar pela narrativa nada convencional empregada na trama. Misturam-se presente (Jamal no interrogatório) e passados distintos (Jamal no programa, Jamal criança, jovem e adulto), todas ligadas entre si e apresentando uma conexão importante na vida simples e triste do garoto, fazendo do roteiro de vai-e-vêm um primor de objetividade, em momento algum tornando-se confuso. Claro que por este aspecto da trama nunca cair em desentedimento com o espectador valorizamos a brilhante e melhor montagem da temporada, que mantém a mesma conectividade presente no texto do longa e liga as fases de maneira rápida, frenética, mas sempre precisa e coerente, sendo este o principal elemento técnico da fita. Além disso temos uma fotografia eficiente no exercício de sua função, já que como o longa coloca-se como um conto, uma fábula, a fotografia transborda em cores vivas e fortes nas mais diversas fases da história, e impressionante como este trabalho cinematográfico vai sempre evoluindo, como se estivesse acompanhando a evolução não só da própria trama, mas de Mumbai em si.
A trilha de A.R. Rahman é fantástica, sublime e precisa em todas suas faixas. Alterna entre momentos de tensão, romance e a própria fábula em si, destaque para as faixas ´´Riots`` e ´´Mausaum and escape``. Ajudada este pela perfeita união e composição entre a qualidade sonora do longa, a edição e mixagem de som são de perfeito encaixe para a composição sentimental do longa. E por quê atores desconhecidos e sem muita experiência como Patel, destaque entre as atuações (carrega boa parte do drama para si próprio), Pinto e todos os outros, principalmente as espetaculares crianças, obteram um desempenho tão acima da média, levando-os a um status de gente grande? A resposta é Danny Boyle, a resposta de tudo é Danny Boyle, o diretor nos oferece um trabalho primoroso, sensacional, instigante e acima de tudo super cativante. Aliás este fora o principal mérito da sua direção; conseguir cativar o espectador de maneira convincente e inovadora como este o fez.
O único que não vi de sua filmografia ainda é ´´Caiu do Céu``. Do resto podemos perceber o fascínio de Boyle em pegar pessoas comuns, submetê-las a situações inusitadas e inesperadas e ao estudarmos o peculiar de cada uma delas, percebemos que nem o personagem nem nós mesmos (meros espectadores) sabemos o que este virá a fazer em seguir. Vemos isso bastante no seu primeiro longa ´´Cova Rasa`` e até em filmes com tramas apocalípticas tais ´´Sunshine`` e ´´Extermínio`` encontramos essas características. Ao nos cativar com uma história triste e miserável de Jamal ele consegue levar o personagem a status de herói, um herói comum em carne e osso, e isso é algo que Jamal nunca pensou nem considera ser. Outro grande ponto como já afirmado antes foi a condução de elenco feita pelo diretor, necessitando de um trabalho mais especial e cuidadoso nesta área. Utilizando clichês ele praticamente os elimina de forma inteligente, já que os transforma em mais um elemento da fábula passada e permitindo que um possível momento superficial passasse longe da cena. E embora utilize de recursos conhecidos uma contraste positiva na sua direção é a sua maneira de inovar, usando um estilo de câmeras em posições e cores diferentes. Misturando e equilibrando tensão, aventura, romance, comédia, fábula, o diretor nunca perde o foco da trama e mantém a mesma importância e curiosidade o espectador acerca de cada fase da vida de Jamal, sabendo conduzir o mesmo ritmo em duas horas de projeção. Enfim, de um trabalho brilhante nunca lembramos de tudo que gostaríamos, então irei parar por aqui.
E outra pergunta. Por quê comentei tanto de cada aspecto preciso e detalhado da fita? Porque na minha opinião uma obra-prima é aquele filme do conjunto, onde unindo todos seus aspectos obtêm-se o resultado, uma obra para ser assistida de maneira detalhada. Portanto posso afirmar, e são poucos ultimamente que entram nessa lista, que ´´Quem quer ser um milionário?`` é uma obra-prima e desde já minha torcida para o Oscar, num ano em que a lista de indicados foi no geral fraca, ao menos meu preferido do ano será o possível vencedor.
Cotação: 10
Torcida no Oscar: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição, Melhor Fotografia, Melhor Canção (Jai-ho).
Que pena não ser candidato: Melhor Ator Coadjuvante (Dev Patel).
15 comentários:
Obá Obá Obá!
a ovação da vez ...
É um ótimo filme realmente. Mas tudo é tão impecável que dá raiva, esperava algo mais robusto vindo do Boyle! Provavelmente vai fazer a rapa no Oscar.
ps: Assista Rio Congelado que vale a pena sim!
Deve ser um filmaço, vou amanhã!
fiquei sabendo que vai rolar em abril a segunda edição do festival internacional de filmes curtissimos...
acho que vale a pena falar a respeito...
o site do festival é:
http://www.filmescurtissimos.com.br
Nossa!! Este filme é uma obra-prima?? :-)
Sérgio, concordo que ninguém dava nada por esse filme. Eu mesma era uma que não acreditava muito quando alguém me dizia que "Slumdog Millionaire" era o favorito ao Oscar. E, pior, ainda tem gente que não consegue acreditar no filme, mesmo após o desempenho expressivo obtido pelo longa na temporada de premiações.
Puxa, não sabia que você era um dos maiores fãs de "Slumdog Millionaire"! Sem dúvida é meu favorito dentre os indicados ao Oscar nesse ano e considero o reconhecimento mais do que justo. Abraço!
Opa, estou passando rapidinho só para lembrar que o prazo de envio das apostas para a segunda fase do 1º Bolão do Talking About Movies está chegando ao fim. As apostas para serão fechadas as 24h do dia 21 (proximo sábado). Não deixe de participar.
Contamos com suas apostas!
Abraço.
Cléber... e merece
Pedro Tavares... eu já esperava vindo do Boyle.
Pedro Henrique... bom filme!
Kamila... ao assistir pela segunda vez tirei a conclusão que sim. É tão diferente e inovador no cinema mundial atual que podemos considerá-lo.
Vinicius... sou com certeza um dos maiores fãs hauahaua.
Marcel... vou mandar hoje
Eu tenho a impressão que, dos indicados ao Oscar, esse é o únido que vou gostar.
Abs!
Não gosto tanto dele como você, mas acho "Quem Quer Ser Um Milionário?" um ótimo filme! Merece sim todos os prêmios que está adquirindo!
Simplesmente não vejo a hora de estreiar por aqui. Aguardo demais este filme. Danny Boyle é muito genial.
Ciao!
Gente... 10??????? A minha não é tão longe. É 9,0 =)
Belo filme, bela direção. E Jai Ho é maravilhooosa.
Ahhh, estou de volta à ativa!!!!!!
Abs.
Dudu... adoro Benjamin Button, e gosto muito de O Leitor e Milk... Frost/Nixon é apenas ok. Mas Slumdog é o melhor!
Matheus... merece mesmo.
Wally... se vc gosta do Boyle não vai se decepcionar.
Kau... Jai Ho é ótima, mas deixaram Buce de fora por ´´The Wrestler`` e isso foi um absurdo sem tamanho da Academia.
Postar um comentário