sábado, 14 de fevereiro de 2009

Filmes do Oscar: O Lutador, Milk e Frost/Nixon

Ficar sem postar na época do Oscar é chato mesmo hehehe, mas tentarei o possível. Ah! Devido a premiação o BDC Awards só retornará após o Academy Awards, esta semana será só sobre Oscar, e de cara três filmes que estão concorrendo.

O Lutador


Título original: The Wrestler
Ano de lançamento (E.U.A): 2008
Direção: Darren Aronofsky

Um filme independente e que suou bastante para ver a luz do sol acabou se tornando, ao menos para mim, uma das maiores surpresas da temporada do Oscar, um trabalho digno da premiação e que de certa forma merecia muito mais do que apenas duas indicações. Randy The Ram (Mickey Rourke) era um dos maiores nomes do pugilismo no país, e hoje nada mais é do que chamamos de um desiludido. Solitário e necessitado ainda insiste em continuar nas suas lutas de wrestling, onde é adorado e venerado por todos seus colegas de trabalho, é amigo de todos e nunca perde o controle, o tipíco sujeito boa-praça. Eis que numa de suas lutas ele sofre um ataque cardíaco e é seriamente alertado pelo seu médico para este nunca mais subir num ringue, podendo as consequências ser devastadoras. Desesperado e sem um intuito na vida ele decide tentar conquistar duas mulheres; uma é a stripper Cassidy (Marisa Tomei) e a outra é ninguém menos que sua filha Stephanie (Evan Rachel Wood), abandonada pelo próprio há muito tempo atrás. E à medida que ambas as reconciliações vão se formando, no caminhar das separações Randy Robbinson tomará uma decisão dolorosa na sua vida.

O roteiro do longa baseia-se numa trama simples, envolvendo uma temática já muito usada, mas honra-se ao em momento algum soar repetido ou clichê, criando uma originalidade natural. Fato este deve-se muito ao trabalho primoroso executado pelo injustiçado Darren na direção. Darren Aronofsky introduz um estilo diferente e fantástico, através dos movimentos de câmera e do encaixe perfeito de focos e locais. Seus diversos planos-sequência nunca se tornam cansativos e transcedem a sensação de tempo real da cena, como se estivessemos presenciando um documentário da vida do personagem ou como se ele estivesse prestes a entrar no ringue, aliás as cenas de luta são impressionamente poderosas e sublimamente bem realizadas e executadas pelo diretor. Outro aspecto importante é que o diretor utiliza muita bem os poucos ocorridos entre os personagens no roteiro, e os explora de maneira abrangente e refletiva, através de um estudo detalhado e objetivo do qual submete-os a um ponto inicial e final na trama. Falar da fita e esquecer de suas atuações é um pecado, louvando a bela composição de seu trio principal.

Marisa Tomei e Evan Rachel Wood desempenham seu papel com méritos, passando a dramaticidade necessária nas telas. Já Rourke faz mesmo seu retorno triunfal, nos passando um personagem tão sereno e indeciso, simples e complexo, mas acima de tudo triste e solitário, o levando a tomar suas decisões. É dele o principal motivo de nos apegarmos tanto ao personagem e idem a mesma razão que nos faz quase chorar no brilhante e inesquecível ato final do longa, já que na minha opinião (talvez pode ter SPOILER à frente) o verdadeiro desfecho da trama fica implícito no fundo preto da fita, nos poupando do que seria uma tristeza ainda maior e nos confortando com a disparada melhor música do ano ´´The Wrestler``, cantada por Bruce Springsteen, e inexplicavelmente ignorada pela Academia, não tem como entender mesmo. Aplausos para, infelizmente, um dos longas mais injustiçados do ano.

Cotação: 9.0

Torcida no Oscar: Melhor Ator (Mickey Rourke)
Que pena não estar concorrendo: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original, Melhor Canção.

****1/2

Milk - A Voz da Igualdade


Título original: Milk
Ano de lançamento (E.U.A): 2008
Direção: Gus Van Sant

Com um elenco formidável e um diretor bastante habilidoso e inteligente o longa chega na disputa abordando uma temática polêmica, e queira ou não, adorada pelos membros da Academia. A vida real de Harvey Milk (Sean Penn), um ativista político assumidamente gay e após ir morar com seu namorado Scott (James Franco) decide formar uma coligação com outros homossexuais e alianças partidárias, promovendo-o a tentar por diversas vezes ocupar cargos para a cidade de San Francisco, e quando finalmente consegue, torna-se um símbolo do homossexualismo no país, enquanto passa a pôr seus ideiais e pensamentos em prática dentro da conservadora política americana. Isto desencadeia obviamente na contrariedade de muitos, dentre eles um ex-suposto aliado; Dan White (Josh Brolin). Visualmente (não emocionalmente) mais forte do que ´´O Segredo de Bokeback Moutain`` esta película adota o tema do homossexualisto de maneira natural, já que tudo visto na tela é uma história real.

Todos, e são muitos, estão excelentes nos seus papéis. Josh Brolin passa um realismo incrivel e exemplar ao seu personagem, James Franco coloca boa parte do drama pessoal da fita à prova. Não esquecer do sempre ótimo Emile Hirsch e claro do astro da obra Sean Penn. Sua transformação física e sobretudo intelectual é fantástica, afinal lembremos da real personalidade do ator. Sempre incansável Penn se entrega totalmente ao papel. Gus Van Sant assina mais um bom trabalho de direção no seu currículo, analisando inteligentemente cada personagem que vemos na tela e digerindo a trama de forma madura, mas peca um pouco ao deixar o longa entrar num ritmo lento, ficando cansativo e entediante em algumas sequências. Ignorando o erro o grande mérito do longa vai para seu roteiro, que desde do início se mostra claramente uma trama de política, mas ao dar espaço para o intímo e peculiar dos vários personas, a fita transcede uma naturalidade simbólica, além de manter sempre uma concordância entre as diversas fases demonstradas, ajudada pela eficiente edição da obra. Um filme de política, que abrindo espaço para o intímo dos personagens, torna-se um drama inteligente.

Cotação: 8.0

Torcida no Oscar: Melhor Roteiro Original
Que pena não ser candidato: todas foram indicadas.

****

Frost/Nixon


Título original: Frost/Nixon
Ano de lançamento (E.U.A): 2008
Direção: Ron Howard

Diretor irregular e criticado por muitos Ron Howard conseguiu sua segunda indicação ao Oscar (na primeira ganhou pelo bom, mas não excelente ´´Uma Mente Brilhante``), indicação que na minha opinião foi forçada e pouco merecida, já que sua direção é apenas normal em comparação a outras muito mais fortes vistas no ano. 3 anos após sua renúncia o ex-presidente americano Richard Nixon (Frank Langella) aceita o convite para dar uma entrevista num programa do australiano David Frost (Michael Sheen), onde serão debatidos detalhes e obscuridades de seu governo. Nixon planejava dobrar fácil Frost e assim conseguir uma boa imagem do povo americano, mas durante 4 noites o que se sucede é uma batalha de palavras e conceitos, até que apenas um seria o vencedor, neste caso ou Nixon consegueria sua boa imagem ou Frost pioraria a já péssima imagem do político.

O filme não chega a ser ruim, mas está longe de ser uma grande coisa. Temos um enfoque político e cultural interessante sobre a sociedade americana, onde Howard acerta em passar a tensão precisa nas cenas de debate. O forte do longa são as atuações (único de ótimo na fita), não só de Langella que faz um Nixon tão perfeito, aliás em nada fisicamente ambos se parecem, mas ao capturar a alma e a essência do presidente, o resultado se torna fantástico. Michael Sheen nos oferece mais um trabalho competente, assim como o resto do elenco. Mas o que mais me desagradou no longa foi ver a incapacidade de Ron Howard em equilibar a intimidade e a vida política dos personagens (feito com proeza em ´´Milk``), pois se o filme estuda muito pouco o pessoal dos envolvidos, o faz de maneira muito lesa, não conseguindo passar o drama necessário para a trama. Consequencia disto surge que o filme apenas empolga o espectador a partir do terceiro debate. Com uma edição inteligente, uma trilha sonora eficiente e um roteiro bom, mas mal interpretado, ´´Frost/Nixon`` não é ruim, é apenas descartável.

Cotação: 6.5

Torcida no Oscar: none
Que pena não ser candidato: está sendo candidato até demais.

***1/2

10 comentários:

Pedro Henrique Gomes disse...

Pois é, ainda não vi nenhum. Mas até o dia da premiação terei visto todos os principais indicados. O Lutador é o que mais quero ver.

Anônimo disse...

Curioso que todos os três receberam a mesma cotação por minha parte, ou seja, 5 estrelas. Ainda que muitos considerem "Milk" e "Frost/Nixon" filmes comuns, acho que eles são muito mais válidos como cinema do que a maiora dos indicados. E "O Lutador" é uma maravilha mesmo...

- cleber . disse...

O Lutador, não vi ainda .
Milk - considero sem duvidas uma filme comum, porém a obra-prima de Gus Van Sant .
E não consegui engolir esse '6,5' pra Frost/Nixon - não tem como!

Anônimo disse...

Os três filmes que você tão bem criticou são alguns dos que eu mais quero ver nesta temporada do Oscar. Pena que acho que eles vão demorar a chegar na minha cidade.

Sergio Deda disse...

Pedro... e O Lutador é realmente o melhor dos 3.

Vinícius... dei 4 1/2 estrelas para O Lutador, mas com cara de 5 mesmo hehehe.

Cléber... Milk é bom, mas tá muito muito longe de ser uma obra-prima, e na minha opinião Frost/Nixon é um filme apenas ok, totalmente descartável.

Kamila... assista assim que tiver a oportunidade hehehe.

Unknown disse...

Eu ainda não vi O lutador, mas tenho lido opiniões bem diferentes. Quanto ao Milk, de fato, o forte do filme são as atuações. É um bom filme político. Vou assistir ao Frost/Nixon nesta semana, mas não espero grandes coisas...

Abs!

Anônimo disse...

Quero ver todos, obviamente, mas em especial o primeiro, por amar o cinema de Aronofsky. Espero poder ver ao menos os dois primeiros antes do Oscar.

Ciao!

Marcel Gois disse...

Frost/Nixon é ótimo!!! Milk que é um lixo kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.. mas falando sério, respeito sua opinião, claro, mas não vi nada demais no roteiro de Milk, um filme que até tem uma causa interessante, mas que deixou a monotonia tomar conta e nao me empolgou em momento nenhum.
Como o matheus do cinema e argumento disse (se n leu a critica dele, leia!), parece que o roteiro só tem a função de juntar os relatos reais e misturar com a política, sem se preocupar com o lado cativante da causa, tem partes que é mais fácil vc achar um absurdo aquela arruaça toda do que realmente admirar todo o trabalho político por tras daquilo.. e sinceramente não vi nada demais na direção e ainda discordo que ele é visualmente mais forte do que Brokeback Mountain. =)

Ja Frost/Nixon eu adorei, um filme simples e ao mesmo tempo linear, é fato que nada mais acontece além do debate (tudo gira em torno dele), porém apesar disso em nenhum momento fiquei entediado. adorei a edição, e principalmente o roteiro, achei inteligente... e admiro ainda mais por causa da dificuldade de manter o filme sempre interessante, e tinha td pra ser chato, ja que fala basicamente da preparação de um debate político (ou seja, td pra ser chato). Como eu disso no meu blog, acho que o que mais ajudou aqui foi não focar no ponto de vista do presidente e sim no do apresentador.

falei demais hein? mas acho q nao falei nada q vc nao soubesse.. kkkkkkkk

flws

Yuri Dias disse...

Concordo bastante com o que você escreveu. Adorei "O Lutador", gostaria de vê-lo nas categorias principais e na de canção - sacanagem máxima - entraria no lugar de "O Leitor", pra mim. Gostei de "Milk", acho todas suas indicações justas.

"Frost/Nixon" eu gostei sim, mas não tanto para indicá-lo em melhor filme e diretor, o filme tem ótimos diálogos e excelentes atuações, mas perde pra "Dúvida".

É isso, abraços!

Sergio Deda disse...

Dudu... bote fé em O Lutador que é muito bom, já Frost/Nixon vá com um pé atrás mesmo hehehe

Wally... e é justamente o do Darren um dos melhores do ano.

Marcel... noway! haahuahaa
O roteiro de Milk é espetacular e depois das atuaões o melhor do filme. Ele faz algo que o roteiro de Frost/Nixon aborda muito pouco, quase nada. Milk explora a vida intíma de seus personagens, não nos submetendo apenas às convicções políticas destes e mostrando-os como eram em cada minuto de seus dias, por isso visualmente mais forte de Brokeback (já quem tem muito mais cenas explicítias de homossexualismo entre diversos personagens) e consequentemente através desse método o longa cativa o espectador aos princípios de Harvey, mesmo para o espectador mais homofóbico possível. E a narrativa vai-e-vem da trama em momento algum pelo seu método diferenciado se torna cansativa, ao contrário do super entediante filme abaixo.

Frost/Nixon não me convenceu, seja pela omissa e frouxa direção de Howard, que permitiu que o filme caísse em lentidão profunda desde do início de sua projeção, apenas conseguindo aumentar o ritmo da fita no terceiro ato (antes era TÉDIO puro), seja pelo roteiro que pouco estudou seus personagens. O roteiro de Milk tem seus méritos, mas no quesito de abordar os perso. falha feio, assim como o diretor logo em seguida. A trama de Frost/Nixon baseia-se assim: ah.... vamos finjir que ela está falando com o espectador...:
Olhem, este é Frost, ele faz isso e isso, olhem, este é Nixon, aquele presidente safado que renunciou por causa daquilo, ok, vamos ao debate, ok, jogo de palavras (bom mérito do longo), ok, o presidente se fu#@ agora hauaha, mas olha, no fim eles até trocaram amenidades, ok, acabou, tchau! hauahua
Falei demais tb vey, mas nada do que vc já não soubesse? kkkkkkkkkkkkkkkkkkk vlws brother

Yuri... pense no meu ódio ao ver que a canção de Bruce estava fora!