quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Embriagado de Amor


Título original: Punch-Drunk Love
Ano de lançameto (E.U.A): 2002
Direção: Paul Thomas Anderson

Considerado por muitos um dos melhores diretores da atualidade e de sua geração (por merecimento) o cultuado e já célebre Paul Thomas Anderson possui no seu curto currículo de longas invejáveis películas, todas acima da média e queira ou não capazes de serem denominadas obra-primas, vide ´´Boogie Nights`` , ´´Magnólia`` e claro um filme fenomenal que se tornará um clássico do cinema, ´´Sangue Negro`` (ainda não assisti ´´Jogada de Risco``). Outro que não podemos desfalcar desta sua gloriosa lista é um filme simplesmente encantador e interessante e que, não fosse pelo roteiro e direção absolutamente perfeitas de P.T.A talvez não seria tão lembrado como foi, ainda que pouco. Só de pensar que este homem conseguiu retirar de Adam Sandler uma atuação ao menos soberba, da qual nem ele mesmo acreditava ser capaz.

Barry Egan (Adam Sandler) é um pequeno empresário que além de passar por certas dificuldades financeiras, possui um certo descontrole emocional resultado de traumas tidos da sua infância. Seu mundo seria completamente solitário não fosse suas sete irmãs que tentam integrá-lo à família, sabendo do seu problema. Com idéias altamente mirabolantes e sem nexo algum e ataques de raiva e ansiedade constantes ele tenta prosseguir com a vida até que conhece Lena Leonard (Emily Watson), amiga de sua irmã e por quem ele repentinamente se apaixona. Frustrado com a vida e a solidão, à noite ele liga para um sex-fone a fim apenas de conversar. Na mãnha seguinte a garota do telefone liga de volta pedindo dinheiro a Barry e ao recusar ela passa a fazer ameaças, incluindo uma grande rede ilegal que tornam a perseguir e ameaçar o rapaz.

Com todos esses problemas ele decide lutar até o fim pelo amor de Lena e enfrentar aos mafiosos, às complicações cotidinas e principalmente a si mesmo, ao seu excêntrico e conturbardo mundo. Como demonstrado o longa provém de um roteiro impressionante, cheio de reviravoltas e diferentes temáticas ao longo do filme. Roteiro assinado por ele mesmo; Paul Thomas Anderson, que diante de um roteiro incrível parte para uma direção impecável e rica principalmente nos pequenos detalhes, assim como em ´´Sangue Negro``. Para uma direção perfeita P.T.A une-se à fotografia, montagem e principalmente trilha sonora do filme. Repare por exemplo no início do longa os takes de Barry no meio da rua completamente vazia, ajudando a formar a solidão do personagem.

A trilha foi claramente supervisionada pelo diretor. Para tentar passar o mundo de Barry são músicas irritantes e no maior volume que quase não conseguimos escutar sua voz. Mistura de tambor com flauta, piano, saxofone, retrata seu mundo prestes a explodir como visto na cena em que ele tenta vender uma lâmpada à medida que suas sete irmãs ligam para seu trabalho. Temos também a cena em que ele está nervoso ao telefone (e nós também por causa da trilha e do movimento da câmera acompanhando Barry) e quando finalmente tem um ataque de raiva a música para; ele explodiu. E não é só com a trilha sonora que o diretor demonstra isso, na casa das irmãs o barulho irritante de suas sete irmãs conversando é o suficiente para notar-se sua impaciência até ter seu ataque de raiva. Outra sequência de detalhes incríveis no longa; quando Barry decide viajar ao Havaí e encontrar sua amada, começa na trilha uma fabulosa música (´´He needs me``, de Shelly Duvall), que só pára quando ele a encontra, como se fosse uma saga. E note também a cena em que ele está num telefone público e ao finalmente conseguir falar com Lena a luz do farol de uma moto ilumina Barry e o telefone.

Enfim, como visto em ´´Sangue Negro`` o diretor transborda para as telas um detalhismo e perfeccionismo intransigentes no longa. Adam Sandler está surpreendentemente excelente, sem muito de suas caretas e sotaques chatos, ele definitivamente incorpora o personagem e ofusca a ótima Emily Blunt, além de uma pequena, mas marcante participação do fantástico Philip Seymour Hoffman. ´´Embriagado de Amor`` é uma grande surpresa, devido ao talento de realmente um dos melhores da atualidade; Paul Thomas Anderson.

Cotação: 9.0

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A Vida dos Outros


Título original: Das Leben der Anderen
Ano de lançamento (Alemanha): 2006
Direção: Florian Henckel Von Donnersmarck

Na premiação do Oscar 2007 criei antipatia por este filme. Por quê ? - Pelo simples fato de desbancar a obra-prima mexicana ´´O Labirinto do Fauno``. Não poderia nunca imaginar este ocorrido, embora a previsão de alguns poucos analistas. Mas dando tempo ao tempo o que era antipatia acabou virando ansiosismo, na espera de poder logo conferir o longa, que recebia ótimas críticas, algumas até exaltando-o por ser melhor que o próprio filme de Guilhermo Del Toro. Assisti com ótimas expectativas e adorei. Superior a ´´Fauno`` jamais será, mas não vale a pena argumentar sobre a premiação. A análise do filme tem que de feita separadamente da justiça ou injustiça de que este fora submetido numa determinada premiação de cinema. Apenas uma rapidinha; o longa mereceu o Oscar, tem muita qualidade, mas não quando disputava com ´´O Labirinto do Fauno``, assim como ´´Onde Os Fracos Não Têm Vez`` também merecia sua estatueta dourada, embora constasse na disputa um longa claramente superior como ´´Sangue Negro``, e como aconteceu e continuará assim por várias e várias vezes.

Gerd Wiesler (Ulrich Mühe) é um espião do serviço secreto contratado pelo governo da ex-Alemanha Oriental para investigar a vida do famoso e maior dramaturgo do país Georg Dreyman (Sebastian Koch), apesar de não haver nada de concreto contra ele, que era casado com a bela atriz atriz Christa-Maria Sieland (Martina Gedeck). Gerd coloca várias escutas no apartamento do casal e aluga um outro justamente à frente. Vigiados 24 horas por dia Gerd passa a conhecer o intímo e peculiar dos dois adultos, à medida que na tentativa de descobrir algo que possa incriminá-los, percebe a essência da vida amorosa e familiar diante dos conflitos do casal, sucumbindo numa incomum emoção afetiva gerada pelo espião e que transborda-se na curiosidade para em saber o que aconteceria com eles. Fato esse deve-se à vida solitária que Gerd levava (ilustrada brilhantemente no roteiro com a cena da prostituta) e diante daquela situação, reflete que seus únicos amigos intímos realmente eram Georg Dreyman e Christa-Maria.

O ponto forte do filme é esse, essa ironia apresentada no contexto da trama. Gerd contratado para fazer um serviço, acaba fazendo outro em virtude de uma amizade nunca alcançada e desde então desejada. Com um roteiro fantástico envolvendo política, vida familiar, violência e humor, o diretor Florian Henckel Von Donnersmarck comsegue com proeza passar toda a história de maneira densa, mas que nunca soe pesada para o espectador, e sim emocionante, tocante. A fotografia e montagem do filme são primorosas, dando a certa densidade e freneticidade momentaneamente usadas. E o que dizer das atuações, simplesmente espetaculares do início ao fim entre os protagonistas, desde do casal extremamente bem trabalhado demonstrando uma afinidade incrível até o carisma e também crueldade irônica de Anton Grubitz (Ulrich Tukur), como o porta-voz do ministro.

Mas não tenham dúvidas, o filme é de
Ulrich Mühe (infelizmente vítima de uma precoce morte pouco após o encerramento do longa). Sua atuação é simplesmente espetacular e sensacional. Sua capacidade em refletir do personagem a frieza, a solidão pessoal em que se encontrava, e a mundança repentina em busca de afeto, é altamente brilhante como a construção e o desfecho deste personagem no roteiro. Uma das atuações mais consistentes e dramáticas do ano de 2006. Enfim, ressalva algumas cenas complicadas com um tema político entre os próprios, a película é maravilhosa, transformando minha antiga e já sepultada antipatia em euforia.

Cotação: 9.0

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

A Desconhecida


Título original: La Sconosciuta
Ano de lançamento (Itália/ França): 2006
Direção: Giuseppe Tornatore

Depois de uma leve ausência, estou de volta. É a velha praga de computadores que fizeram contra minha pessoa rsrs.

Sou imenso fã do diretor italiano Giuseppe Tornatore. Considero sua obra-prima ´´Cinema Paradiso`` como um dos meus favoritos. Sua grande capacidade em transbordar para as telas a beleza humana da vida e os pequenos valores sentimentais, abordados por um intenso drama familiar, são integrantes de suas características como vê-se em além de ´´Cinema Paradiso``, nos ótimos ´´Estamos Todos Bem`` e ´´Malena``. Todos filmes muito humanos e sensíveis que encantam o espectador. Há muito tempo anseio por assistir ´´A Desconhecida``, não digo que fiquei decepcionado durante as quase duas horas de projeção. Mas esperava mais de um Tornatore. E se o longa não adequa-se a um drama sentimental, muito menos funciona como suspense, mas chega a prender e despertar a curiosidade do consumidor acerca de uma história triste e chocante, que precisava ser contada.

Irena (Kseniya Rappoport) é uma ucraniana que se estabeleceu numa cidade italiana e começa a trabalhar num prédio vizinho ao seu, onde logo se torna babá e empregada de um casal e sua filha. Com rápidos e frenéticos flashbacks o passado de Irena começa a desenrola-se à medida que busca uma ligação com suas atitudes do presente, já que ela passa misteriosamente a investigar a vida desta família, onde tudo leva a crer, possui uma ligação com seu passado sombrio. Irena fazia parte de uma rede de prostituição onde era cruelmente destratada e humilhada pelo chefe. Numa intensa busca mistérios vão sendo revelados enquanto seguem-se os dias e aumenta a confiança da família na nova empregada.

É um filme muito frenético e complicado de ser feito. O roteiro possui muitas dúvidas e mistérios, dos quais quase todos são apresentados apenas nos minutos finais, sofrendo de pouco tempo para muita informação. Além disso, mesmo que com uma perseverante trajetória unida a uma intensa trilha sonora, o filme não consegue empolgar e passar o suspense almejado e necessário para a trama, o lado dramático instiga muito mais quem o assiste, concluindo-se que seria extremamente perfeito para este longa uma boa conciliação entre os dois termos.

Tornatore aborda uma narrativa não-linear e claramente preocupada na tentativa de chocar tanto no clima misterioso como nas – bem sucedidas – chocantes cenas que retratam o submundo degradante da prostituição. Mas ele acerta principalmente quando em conjunto com o roteiro e atores, deixa-nos a dúvida quase até o fim do que Irena realmente queria e qual era sua ligação com a família; vingança, acerto de contas, verdades e mentiras, enfim, contando com um final admita-se surpreendente na questão dramática, embora displicente com relação ao tom passado no resto da película. Não é um grande filme, eu esperava mais. Algo de grandioso são as ótimas atuações, principalmente da protagonista Kseniya Rappoport.

Cotação: 7.0

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Análise dos filmes assistidos em julho

Farei agora uma breve análise dos filmes assistidos (pela primeira vez) por este blogueiro no mês de julho. Por fim fora um mês positivo, onde tive a oportunidade de assistir grandes clássicos, assim como saí por repetidas vezes satisfeitíssimo das salas de cinema após conferir alguns dos lançamentos em cartaz.

Cotação: * * * * *


1. Os Incompreendidos (François Truffaut, 1959): Certamente o melhor filme que assisti neste mês de julho. Conhecia pouco de Truffaut (havia assistido dele apenas Farenheit 451), mas depois desta obra-prima jovial passei a assistir mais de seus trabalhos. No longa Antoine Doniel é um garoto frustrado, negligenciado e destratado pelos seus pais, e que após ser humilhado pelo professor que o detestava foge de casa e passa a fazer pequenos furtos junto a um amigo, onde consequentemente acaba indo parar num reformátorio juvenil. Antoine Doniel é na verdade o alter-ego de Trauffaut na sua infância, podemos então conhecer a vida deste garoto triste e infonformado com a situação que vivia através de uma odisséia irônica, trágica, mas natural. Uma verdadeira obra-prima e um dos melhores do fantástico cinema francês e deste célebre diretor o qual venho admirando desde então.

2. Serpico (Sidney Lumet, 1973): Com um post anterior sobre o filme disse tudo ou talvez não o que achará da obra. Pacino numa das suas melhores atuações, conduzido por um Lumet consciente e detalhista, dando ao filme uma intensiva precisão do objetivo real, mas praticamente impossível do verídico policial Frank Serpico.



3. Batman - O Cavaleiro das Trevas (Cristopher Nolan, 2008): Um dos maiores públicos dos últimos tempos e o filme mais aclamado do momento. ´´The Dark Knight`` é a confirmação de um novo, mais maduro e realista Batman, do qual Nolan consegue passar tudo que um filme de herói precisa e muito mais. Ledger faz muita gente lembrar como postei anteriormente da morte precoce de James Dean, na mesma proporção trágica da sua, devido a sua impecável e exaustiva atuação como o Coringa. Hoje considero o melhor filme do homem-morcego, à frente inclusive de seu antecessor; o ótimo Batman Begins.

4. Vidas Amargas (Elia Kazan, 1955)

5. A Época da Inocência (Martin Scorsese, 1993)

6. Wall-E (Andrew Stanton, 2008)



7. Speed Racer (Andy e Larry Wachowski, 2008)


Cotação: * * * *


8. Lars And The Real Girl (Craig Gilespie, 2007): Com um dos roteiros mais versáteis e elaborados do ano, o filme consegue encantar não apenas pela situação de seus personagens, mas pela naturalidade com que ela é encarada e aceita, já que no longa um jovem solitário com problemas de desilusão compra uma boneca inflável na internet e a imagina como sendo uma pessoa real, tratada por ele como sua namorada. Aconselhados por uma psicóloga, o irmão e a cunhada do rapaz ao lado de todos da cidade fingem acreditar na história de Lars e passam a trata-lá assim como tal o faz; como uma pessoa real. O roteiro, junto com a direção e as atuações são tão convincentes que às vezes nós mesmos chegamos a acreditar. Ryan Gosling prova seu enorme talento com mais uma exemplar atuação.



9. Porky`s (Bob Clark, 1981): Certo sábado passou este filme de madrugada na Globo e depois de tanto tempo (nem sei realmente se havia assistido) pude novamente conferir esta comédia teen que se tornou um clássico entre os jovens. A genuína comédia adolescente, tomando como base uma história extremamente simples e que unida às ´´clássicas`` confusões aprontadas pelos garotos, acaba por encantar e divertir a todos.

10. A Testemunha (Peter Weir, 1985): Um filme belo tamanha sua qualidade poética. Um pouco monótono, mas que diante de seu roteiro abrangente e a direção calma de Peter Weir, juntando-se a um inspirado Harrison Ford e o garotinho Lucas Hass, torna-se um longa de destaque, além de estudar e exaltar culturas diferentes da nossa.



11. Não Estou Lá (Todd Haynes, 2007)

12. Estômago (Marcos Jorge, 2007)

13. Infância Roubada (Gavin Hood, 2005)

14. Longe Dela (Sarah Polley, 2007)

15. O Orfanato (Juan Antonio Bayona, 2007)

16. Dias de Glória (Rachid Bouchareb, 2006)

17. O Sobrevivente (Werner Herzog, 2006)

18. Cloverfield - Monstro (Matt Reeves. 2008)


Cotação: * * *



19. P.S Eu Te Amo (Richard LaGravanese, 2007): Uma história que poderia ser emocionante, tocante, mas que diante de um péssimo roteiro, péssima direção e péssimas atuações não chega a lugar algum, a não ser irritar pelo desperdicio de um livro que ainda espero ler. Tentativas de arrancar risos com piadas extremamente de mal gosto e sem graça alguma. Não sei porquê estou cotando com três estrelas, talvez pelo livro em que é baseado.

20. Sem Controle (Cris D´Amato, 2007)

21. 1408 (Mikael Hafstrom, 2007)


Cotação: * *

22. Southland Tales (Richard Kelly, 2007)
23. As Loucuras de Dick e Jane (Dean Parisot, 2005)


Cotação: *

24. A Hora da Virada (Steve Carr, 2005)
25. Golpe Baixo (Peter Segal, 2005)

OBS: Na primeira semana eu assisti mais alguns outros poucos filmes, mas por não ter anotado acabei me esquecendo completamente quais foram.
### Lembrei de mais alguns e acrescentei na lista no dia 2 de agosto de 2008.