domingo, 26 de outubro de 2008

Nove Rainhas



Título original: Nueve Reinas
Ano de lançamento (Argentina): 2000
Direção: Fabián Bielinsky

Antes de dar continuidade a mais um Meme, gostaria de falar um pouco sobre um filme maravilhoso e surpreendente que assisti durante a semana. Este filme é o argentino ´´Nove Rainhas``, que conta com um roteiro fabuloso e intrigante, além de uma direção envolvente, e atuações diga-se de passagem fantásticas. Somente pelo fato de termos Ricardo Darín no casting já seria motivo suficiente de criar ansiedade por assistí-lo. E o grande mérito de ´´Nove Rainhas`` é conseguir encantar e empolgar a todo e qualquer momento, destacando-se obviamente pelo duelo de interpretações entre Darín e o excelente Gastón Pauls num papel extremamente bem trabalhado e enfocado, que serve acima de tudo para dar continuidade à frenética sequência de fatos no longa, misturando-se em suspense, aventura, humor, drama familiar e situação social. Como não fosse o suficiente o diretor ainda consegue inteligentemente demonstrar e tratar de maneira adequada acerca de todos estas temáticas encontradas na película.

Juan (Gastón Pauls) é um picareta que precisa de dinheiro para ajudar seu pai. Num de seus golpes dentro de uma loja de coveniência ele conhece um outro picareta aparentemente mais profissional, Marcos (Ricardo Darín). Marcos ajuda Juan a livrar-se da encrenca em que se metera dando seu golpe e em troca o convida para passar um tempo como seu parceiro. Juan, mesmo acanhado, aceita o convite por ao menos um dia e passa a dar golpes pela cidade junto com Marcos, à medida que vai aprendendo e se espelhando no novo companheiro, ele torna-se o pupilo do mestre. Em meio às picaretagens do dia Marcos recebe uma proposta de um antigo parceiro picareta para dar um golpe num milionário espanhol que deixará a cidade no dia seguinte. Este homem é apaixonado por selos, e Marcos tentará vender uma raridade na categoria; as ´´Nove Rainhas``, mas um pequeno detalhe, estes logicamente falsificados.

Portanto Marcos e Juan têm a missão de vender os selos falsificados até o fim do dia, e tentarão de tudo. Terão de pensar e agir rapidamente com inteligência para conseguirem realizar a venda e acima de tudo saírem ileso desta arriscada missão. É neste âmbito que o roteiro se encontra e consegue apresentar detalhes impressionantes dos seus personagens e ainda assim não revelar a verdadeira intenção e personalidade de cada um, possibilitando ao diretor com inteligência manter um clima de suspense e mistério no ar. Não sabemos em quem confiar, não sabemos se aquilo é verdade ou mentira, resta apenas esperar o desfecho. Neste tom envolvente passado na película Bielinsky procura misturar o drama interior de cada um, além de converter boas doses de humor e suspense interligados ao longa.

Darín dá mais um show, seu personagem é uma pessoa no minímo frustrada e fracassada, mas que pensa independendo o sentimento e importância dos outros, ser bem sucedido e inteligente. São atuações inteiramente ótimas de todos no longa, mas o destaque vai para Gastón Pauls, a princípio um simples necessitado que dava golpes por precisar realmente, e sentia vergonha em ter de roubar de uma velhinha que o disse que ele a lembrava de seu neto. Mas como dito; a verdadeira personalidade de cada um de todos os personagens da história só é inteiramente conhecida perto do seu desfecho. Grande mérito do roteiro e direção que deram ao filme um ritmo alucinante e intrigante, ajudada pela precisa e peculiar montagem e a sempre centrada fotografia. Mais um impressionante filme argentino. Personagens que sendo picaretas se aproximam e tornam-se amigos intímos do espectador, mesmo que aquele tenha sido só um dia e mesmo que tudo poderia ser ou não uma farsa, mas aliás a vida de muita gente neste mundo é tão farsa quanto. Grande filme.

Cotação: 9.0

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Top 10 - Decepções

Mais um Meme por aqui, parece a temorada de Memes rsrs. Dessa vez fui convidado pelos parceiros do Multiplot para citar uma lista dos 10 piores filmes que já assisti. Bom, mudarei um pouco este conceito, para decepções. Ou seja, nessa lista incluem filmes do gosto de muita gente e alguns até muito consagrados, mas que eu simplesmente não consegui gostar, por mais que tentasse em alguns casos. Se fosse para listar os piores de verdade com certeza apareceriam ridicularidades como ´´Norbit`` ou Steven Seagal (toc toc na instante) ou afins. Pode gerar polêmica, mas é aí que se encontra a diversão de falar sobre cinema. Vamos lá às maiores DECEPÇÕES, e NÃO OS PIORES filmes que assisti:

1. Olga (Jayme Monjardim, 2004)
2. O Cortiço (Francisco Ramalho, 1978)
3. O Búfalo da Noite (Jorge Hernandez, 2007)
4. Entre Dois Amores (Sydney Pollack, 1985)
5. O Novo Mundo (Terrence Malick, 2005)
6. Má Educação (Pedro Amoldóvar, 2004)
7. Dona Flor e seus Dois Maridos (Bruno Barreto, 1978)
8. O Paciente Inglês (Anthony Miguella, 1996)
9. A Janela Secreta (David Koepp, 2004)
10. Lawrence, da Arábia (David Lean, 1962)

Nossa! Vou ser apedrejado por ter colocado este último na lista. Não deixem de falar comigo por favor kkkkk. Passo a árdua tarefa para:

Cinefilando
Cinema Em Casa
Cinéfilo, eu?
Moviemento
TalKing About Movies

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Top 10 - Vilões

Respondendo a mais um Meme. Convidado pelos amigos Jacques (e-MotionMovies), Ygor (Moviemento) e Marcel (Talking About Movies) venho a fazer uma lista dos meus 10 vilões favoritos na história do cinema. Um dos melhores Memes já passado. Obrigado pelos convites. Foi muito difícil, vem tantos à cabeça. Mas aqui não incluirei na lista vilões de filmes de máfia, como os Corleones, os rapazes de Scorsese, Tony Montana e etc. São vilões, mas adequados ao tipo de filme acabam virando, perdoem-me a expressão da palavra ´´anti-heróis``. Claro que bandido é bandido, mas seria uma boa fazer um Meme com os 10 maiores mafiosos do cinema não?
Bom, vamos lá:
1. Darth Vader (Saga ´´Star Wars`` - voz de James Earl Jones)

2. Norman Bates (Anthony Perkins em ´´Psicose``,1960)

3. Hal 9000 (voz de Douglas Rain em ´´2001-Uma Odisséia No Espaço``,1968)

4. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins em ´´O Silêncio dos Inocentes``,1991)

5. Amon Goeth (Ralph Fiennes em ´´A Lista de Shindler``, 1992)

6. Jack Torrance (Jack Nicholson em ´´O Iluminado``, 1980)

7. Zé Pequeno (Leandro Firmino em ´´Cidade de Deus``, 2002)

8. Capitão Vidal (Sergi López em ´´O Labirinto do Fauno``, 2006)

9. Lars Torwald (Raymond Burr em ´´Janela Indiscreta``, 1954)

10. Coringa (Heath Ledger em ´´Batman-O Cavaleiro das Trevas``,2008)


Strong Contenders:
Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis em ´´Sangue Negro``)
Anton Cigurh (Javier Bardem em ´´Onde os fracos não têm vez``)


Convido a fazer o mesmo:

Cinema - Filmes e Seriados
Cinema e Argumento
Espaço Lumière
Multiplot
Tudo É Crítica

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Ensaio Sobre a Cegueira



Título original: Blindness
Ano de lançamento (Brasil/Canadá/Japão): 2008
Direção: Fernando Meirelles

Nossa! Finalmente de volta!
Fui repentinamente forçado a me ausentar por um certo tempo sem ter a oportunidade de dar satisfações, pc quebrado, semanas de prova na faculdade, aulas da auto-escola. Enfim, agora estou de volta e com atualizações muito mais regulares, podem estar certos disso.

Finalmente também digo por ter assistido Ensaio Sobre a Cegueira, filme que estreou por aqui na minha cidade cerca de quase um mês depois da estréia nacional. Corri para o cinema assim que soube da excelente notícia. Afinal li o livro fabuloso de José Saramago e estava muito ansioso acerca do filme. Antes de nada vale ressaltar o grande casting além de um ótimo diretor do qual o filme contava. Meirelles vem fazendo cada vez mais sucesso mundo afora após o sucesso internacional de sua obra-prima Cidade de Deus. E seu grande mérito neste longa é aprofundar-se no interior dos personagens, assim como feito no livro, e tentar passar a naturalidade a todo momento como nas boas cenas de humor e casualidades que ocorrem. Penso ainda que no primeiro quesito ele e o roteirista poderiam ter se aprofundado mais.

Aparentemente está a acontecer uma epidemia de cegueira pelo país, e os primeiros casos além dos que tiveram contato com estes são mandados para uma quarentena sobre investigação. O número de grupos aumenta cada vez mais e a quarentena é isolada e vigiada pelos soldados. Uma mulher simples esconde que consegue enxergar perfeitamente e não fora ainda afetada pela ´´treva branca``. À medida que a convivência vai ficando insuportável e desumana, diante de mortes, estupros, fome, sujeira intolerável, e após um incêndio provocar a saída forçada pelo instinto de sobrevivência destes da quarentena a mulher que enxerga (mulher do médico) percebe não haver mais soldado algum por ali, além do portão estar aberto, e assim todos estarem livres. Juntam-se a um grupo ela, seu marido e mais 5 por quem se aproximaram (os primeiros casos na verdade), estes um casal, um homem de idade, um garotinho e uma bela jovem.

Assustam-se com o que sentem, e vê, a mulher do médico; todos estavam cegos e a cidade estava ao colapso, suja e acabada, sem energia e comunicação. Todos um bando de cegos a procurarem apenas por comida e buscando a sobrevivência, até quando esta poderia durar. Esta mulher então resolve guia-los e ajudá-los por ser a única aparentemente que podia ver, ver aliás a total desgraça e dependência humana. O livro é fantástico em todos os sentidos. Meirelles até tenta passar o mesmo drama humano que se sente no livro, mas falha em certos aspectos. Estudar por mais o interior dos personagens, dentre eles o rapazinho estrábico que é uma triste e sublime metáfora do livro, além de poder junto ao seu roteirista ter dedicado mais cenas que pudessem analisar mais detalhadamente os principais personagens, como por exemplo a não filmada (creio eu) parte do livro em que visita-se a casa de três deles.

Outro exemplo que pude retirar foi o fato do filme dedicar apenas uma cena a um dos personagens mais importantes do livro na minha opinião; o cão das lágrimas. Este cão por diversas vezes na obra de Saramago se mostra muito mais humano do que os próprios, e embora houvesse a muito bem dirigida cena em que este aparece pela primeira vez enxugando as lágrimas da mulher do médico mesmo assim não soa o bastante. Reparem inclusive como nessa cena enfatiza-se cães comendo um humano morto ao chão e logo depois passa este cão das lágrimas e em vez de se juntar aos outros caninos vai em direção à mulher. Seria ótimo então mais cenas como essa, e mais cenas de seus próprios personagens, seus peculiares como bem mostrado no livro. O final foi um pouco adiantado.

Mas nenhum desses problemas retiram o mérito do bom filme, aliás por algumas vezes Meirelles demonstra o drama humano do longa (como nas duas cenas da fogueira do casal) e o afasta de ser um grande épico cheio de aventura e terror. O filme é um ensaio sobre a cegueira, assim como seu livro, uma hipótese de como seria diante de uma sociedade tão burocrática e degradante como a qual nos encontramos hoje. Um grande aspecto da direção de Meirelles é a naturalidade passada nos seus filmes, e neste brilhantemente enfatizada nas todas ótimas cenas de humor. Bernal imitando Stevie Wonder? Ótima sacada do roteiro. Aliás a atuação de Bernal embora pequena é espetacular, ele interpreta um moleque, apenas um moleque que tenta se aproveitar por portar uma arma. Todo o elenco se comportou bem e soube com a ajuda de Meirelles passar a devida naturalidade e dramaticidade necessária para o filme, com maior destaque para Ruffalo e Alice Braga, além da eficiente mas não excelente atuação da Julianne.

Uma trilha sonora que para muitos possa soar impaciente, mas é uma verdadeira perfeição diante das cenas filmadas. A fotografia claríssima e a montagem confusa por vezes parecem exageradas, mas serve para demonstrar um pouco do mundo em que os cegos estavam enfretando. O filme é como seu livro um estudo dos cegos, dos cegos que já eram cegos, dos cegos que sempre foram cegos e nunca tiveram a capacidade de enxergar isto.

Cotação: 8.0