domingo, 29 de junho de 2008

Medo da Verdade


Título original: Gone Baby Gone
Ano de lançamento (E.U.A): 2007
Direção: Ben Affleck

Baseado no romance do aclamado autor de Sobre Meninos e Lobos, Medo da Verdade é mais uma história de violência, crime e pecado no cenário norte-americano onde procura-se o imprevisível e inesperado, clichês do gênero, mas que em muitos desses filmes acabam se tornando memoráveis e certamente imprevisíveis como o objetivo a ser alcançado. E se Medo da Verdade não é uma obra-prima de suspense e mistério envolvente como ´´Hitchcock movies`` ou algo parecido, ao menos é uma boa tentativa de chocar e fazer uma reflexão sobre a atual sociedade, que torna o filme bastante interessante e satisfatório dentro do possível.

Na sua estréia como diretor Ben Affleck demonstra possuir um talento certamente mais promissor do que sua carreira como ator. Embora tenha atuado bem em alguns bons filmes de sua carreira, não sou muito fã do ator. Aquele ´´Sobrevivendo ao Natal```, que ridículo. Se ele se esforçasse um pouco mais poderia até engrenar e se superar, algo que ele fez na sua iniciante carreira de diretor com este primeiro filme. Affleck tem uma direção bastante segura para seu primeiro filme, bastante consciente de tudo que está acontecendo na película, e embora não acrescente nada de exuberante ao longa mantém o clima de suspense, periférico e familiar, necessários no desenrolar de uma história como essa.

Patrick Kenzie (Casey Affleck) e Angela Gennaro (Michelle Monaghan), dois detetives especializados em procurar pessoas desaparecidas são designados pela tia de uma menina que fora misteriosamente desaparecida, filha de uma mãe prostituta e viciada Helene McCready (Amy Ryan). Sendo auxiliados pela polícia através de Jack Doyle (Morgan Freeman) e do detetive Remy Broussard (Ed Harris), os dois detetives (namorados) acabam descobrindo e solucionando fatos terríveis sobre o verdadeiro paradeiro da pequena garota desparecida, devido ao fato de Patrick conhecer o pessoal do bairro e ter contato com vários indivíduos que poderiam ter alguma informação.

Um pouco exagerado em algumas cenas, principalmente no início, o irmão de Ben (Casey Affleck) pode vim a ser um melhor ator do que seu irmão, e o exagero ao longo do filme é deixado de lado não comprometendo em nada o longa. Amy Ryan, pouco conhecida, tem uma ótima atuação no papel de uma mãe idiota e viciada que parece não dar a miníma para a filha e nos faz sentir repugnância daquele personagem imaturo, infantil e inconsequente. Morgan Freeman, o melhor e mais veterano do longa, não acrescenta nem compromete nada. Mas na minha peculiar opinião quem se destaca e rouba a cena é mais uma vez Ed Harris, impressionante a estabilidade deste talentossíssimo ator, um dos melhores em atividade.

Com um roteiro bastante complexo e misterioso, o filme tenta ser imprevisível até o momento em que o imprevisível torna-se previsível e sabemos o que deve acontecer em seguida, mas este fato ocorre já bem próximo ao final e não chega a prejudicar o suficiente para estragar o longa. Além do suspense natural colocado no filme, temos uma dramaticidade bem rica em detalhes, seja na vida familiar, no crime ou na inocência e valiosidade de uma criança, onde no momento em que passamos com o caso Isabela e outros similares nos levam a pensar naquela velha, antiga e famosa frase, além de um pouco clichê: Aonde nós vamos parar ?

Direção segura, ótimas e médias atuações, roteiro natural e convincente, fotografia e montagem excelentes que tornam o filme ainda mais atrativo. Pode não ser um grande filme, mas com certeza é um filme que faz pensar e refletir sobre a realidade atual e que merece um certo destaque e enfoque.

Cotação: 7.5

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Amacord


Título original: Amacord
Ano de lançamento (Itália): 1973
Direção: Frederico Fellini

Frederico Fellini foi sem dúvidas um dos maiores diretores da história do cinema. Detentor de obra-primas fenomenais e valiosas ao lonngo de sua carreira, sempre procurou unir em todos os seus filmes os conhecimentos e aprendizados que ia adquirindo. Nas suas obras sempre se vêem os mesmos aspectos, tomados de maneira diferente ou semelhante na temática do filme. O que mais se destaca nos seus trabalhos é claro o humor poético e a divergência entre a realidade e o fantasioso, onde fora apelidado por alguns de lirismo felliniano. Essa poeticidade está presente logicamente em Amacord, um dos melhores senão o melhor, que retratam bem o mundo e o que se passa dentro da cabeça deste mestre Frederico Fellini.

Muitos o consideram como a melhor realização de Fellini, o melhor filme italiano, o melhor filme europeu, o melhor filme estrangeiro e ora o melhor filme de todos. Todas essas afirmações são aceitáveis pelo ponto de vista crítico e embora eu não ache o melhor de todos, considero um dos e dou razão a quem o faz. Como em vários filmes do diretor a trama é repleta de personagens e histórias, com peculiariedades e semelhanças entre todos. Se pedirem a sinopse do filme ela seria a seguinte: Frederico Fellini analisa a vida familiar e religiosa, a educação e a política da Itália nos anos 30, dominada pelo Fascismo. E impressionantemente detalhista, ele nos mostra a base da sociedade italiana daquela época.

Tudo isso acontece através dos olhos de Titta (Bruno Zanin), um garoto irresponsável e inconsequente que adora aprontar com seus colegas de classe. Entram na história os pais de Titta, constantemente brigando entre a família, Gradisca ( a mulher madura pelo qual Titta era apaixonado além de quase toda a cidade), Volpina (uma ninfomaníaca), a peituda dona da tabacaria, além de um mendigo e um socialight que apresentam e analisam os fatos ocorridos na cidade, explicando e demonstrando como era, isso olhando para a câmera. Ou seja, com esses dois personagens falando e se comunicando diretamente com a câmera eles estavam se comunicando diretamente com nós mesmos, portanto faríamos e nos sentiríamos integrantes daquele povo.

Muitos dizem que este filme é um retrato altamente biográfico da vida de Fellini. Ele por diversas vezes negou, mas afirmou que contém passagens semelhantes ao que ele viveu, e com certeza contém, como contém. Tanto que a palavra ´´Amacord`` significa na região onde Fellini nasceu ´´mi recordo`` em italiano. Daí se vê e entende-se além dos vários personagens do filme aqueles dois que constantemente olham e falam para a câmera. Eles representavam o próprio Fellini e suas várias facetas, falando e dialogando conosco. Talvez ele tenha negado ser um filme auto-biográfico pelo fato dos garotos do filme serem tão pevertidos e assim seria Fellini, mas na infância e adolescência todos nós somos. Como também os adultos são do mesmo jeito retratado no filme, e os idosos. Impossível não se identificar e relacionar seus sentimentos com os personagens.

Um filme que não possui uma história central, um acontecimento que desencadeia numa consequência. Possui várias histórias e acontecimentos que desencadeiam em várias consequências. E assim é a sociedade, agora que escrevo acontecem inúmeros peculiares e semelhanças sociais. Singelo, engraçado, tocante e poético, uma obra-prima imperdível para quem se diz amante da sétima arte.

P.S. Procurei colocar um pôster do filme dessa vez, para retratar os vários personagens da película.

Cotação: 10

domingo, 22 de junho de 2008

No Vale Das Sombras


Título original: In The Valley of Elah
Ano de lançamento (E.U.A): 2007
Direção: Paul Haggis


Desculpem pela demora. Mas agora de computador novo e férias da faculdade serão mais de dois ou três posts por semana, juro ! rsrsrs

No seu segundo filme como diretor Paul Haggis mostra mais uma vez um certo talento e um futuro bastante promissor quanto
à sua carreira no cargo de direção. Depois de Crash (vencedor do Oscar de melhor filme, embora não altamente merecido), ele nos traz mais recentemente uma alusão crítica a Guerra do Iraque, retratada como apenas um elemento a mais no filme, mas como o mais importante e causador de tudo que acontece com seus personagens. Embora possua um inicio meio monótono (talvez por ser apenas explicatório sem apresentar respostas à trama), esse é extamente o que o filme fica longe de ser no desenrolar da história. Algo muito trabalhoso e difícil de ser alcançado em filmes longos como esse.

No longa, logo na primeira semana após voltar do Iraque, o filho de
Hank (Tommy Lee Jones) e Joan (Susan Sarandon) desaparece e é considerado foragido do exercito. Após saber do caso Hank, ex-policial militar e veterano do Vietnan decide partir em busca de seu filho. Quando o corpo do jovem é encontrado totalmente carbonizado e desfigurado Hank se junta a investigadora Emily Sanders (Charlize Theron) para descobrir quem teria feito aquilo. Na medida em que os dois vão solucionando os fatos, passam a se ver dentro de um crime no qual teriam que enfrentar o alto escalão militar para desvendarem o caso.

A direção madura e persistente de Paul Haggis faz com que os atores possuam liberdade nas cenas e embora não haja nada demais nas atuações de Charlize Teron e Susan Sarandon (desperdiçada no longa) é Tommy Lee que arranca elogios com sua atuação mais do que excelente, mas também fruto do trabalho talentoso do ator. Como percebe-se facilmente no filme, o personagem de Tommy Lee raramente se deixa abater pelo que esta acontecendo, ele encara tudo de cabeça erguida e com o choro preso na garganta e nos olhos. Tommy Lee nos passa de maneira triste, revoltante e oculta os sentimentos do personagem.

A
crítica a guerra é claramente refletida através dos vídeos do celular do filho, no qual ele consegue recuperar, e vê seu próprio filho torturando iraquianos junto com todos os outros. O filho dele poderia não ser uma pessoa má, mas a guerra o transformou naquilo que se vê e se acha completamente normal em tempos de guerra. Como combatente do Vietnam Hank acha certa a Guerra do Iraque, mas à medida dos acontecimentos e das verdades virem à tona ele passa a refletir e discordar da guerra.

Num final onde se mostra claramente a discordância de Hank com o estado atual de seu país, bastante similar com a história da mulher que perdeu o filho na Guerra do Iraque em Farenheith-11 de setembro, de Michael Moore. Ela que antes apoiava todas as guerras dos E.U.A e inclusive teve vários de seus parentes nas outras guerras anteriores, ficou bastante revoltada e oposicionista ao governo após seu filho ser morto.

Filme superior a Crash e que mostra a ascensão do diretor Paul Haggis, além de demonstrar uma clara preocupação dos americanos do Iraque, como se vê em vários longas, curtas e documentários.

Cotação: 7.5

sexta-feira, 6 de junho de 2008

O Ultimato Bourne


Título original: The Bourne Ultimatum
Ano de lançamento (E.U.A): 2007
Direção: Paul Greengass

Desculpem pela demora, mas aconteceu um pequeno acidente com meu computador, tanto que vim postar agora no computador de meu irmão, já que ele não está em casa rsrsrs.
Raramente eu gosto de filmes de ação. Na sua grande maioria esse tipo de filme é fantasioso ao extremo, possui um roteiro cheio de tiros e pouca história, dramaticidade e conteúdo. Olhem Steven Seagal, um dos homens vivos que mais detesto no mundo. Mas toda regra tem exceção e reconheço que existem sim excelentes filmes de ação, onde além de vários aspectos, possui uma estória mais carregada dos gêneros de drama e policial, embora se classifique como um filme genuinamente de ação. E o espetacular O Ultimato Bourne é um claro exemplo disso, onde se sobressai por apresentar outro gênero também; espionagem.

Terminando sua trilogia com chave de ouro e da melhor maneira possível o último filme da saga é antecidido por A Identidade Bourne e A Supremacia Bourne, ambos filmes muito bons, sendo o primeiro superior e como o segundo embora bom tenha sido dirigido por Paul Greengass pensei que o terceiro iria ser inferior aos outros dois, já que ele também assume a direção deste. Feliz engano. Uma grande importância para ser ressaltado na saga Bourne é o suspense eletrizante passado em todos os três filmes. Suas cenas de perseguição no meio da multidão são marcantes, principalmente neste último.

Esse elemento a mais no filme se deve à primorosa e sensacional edição da película, feita por Christopher Rouse, e um dos melhores aspectos senão o melhor da obra. É uma montagem eletrizante e empolgante, revelando claramente o estilo de dirigir do Paul. Logo no início do filme, nos vimos numa cena onde Jason Bourne tenta se encontrar com um homem que lhe tem informações no meio da multidão. Mas ao telefone eles ficam rodando a multidão, tentando desviar os agentes que o estavam perseguindo do caminho. É simplesmente espetacular a união tão bem feita entre direção, montagem, som e trilha sonora nessa cena.

No fime Jason Bourne (Matt Damon) é um homem que vive sem país e passado após ter sido submetido a um tratamento degradante do qual não se lembra. Ele na verdade é um ex-agente do programa Treadstone, que se revoltou com o programa e agora a C.I.A está atrás dele. Não lembrando de nada ele decidiu sumir, mas a C.I.A o encontra mais uma vez e ele novamente se torna um alvo, vendo mais uma oportunidade de descobrir sobre seu passado. Matt Damon está mais uma vez soberbo no papel do herói, e acreditem; não queiram brigar com ele rsrs. Destaque também para David Strathairn. É ótimo também ver o amadurecimento que o personagem vai absoverndo com o passar do tempo nos três longas e como isso o ajudou.

O Ultimato Bourne foi na minha opinião um dos melhores filmes do ano passado e deveria, porque não, ser muito mais lembrado no Oscar além das 3 merecidas (principalmente montagem) estatuetas que levou. Quem sabe uma indicação a empolgante e consistente direção do Paul Greengas, o qual venho me tornando mais fã. Enfim, procurem assistir esta excelente trilogia, que fecha com um dos melhores filmes de ação e espionagem de todos.

Cotação: 9.0