Ano de lançamento (E.U.A): 2006
Direção: Martin Scorsese
Martin Scorsese é para mim e para muitos admiradores da sétima arte o melhor diretor vivo do cinema, já eu ainda vou mais longe. Considero-o melhor diretor da história dentre todos os outros grandes diretores a que eu tive a oportunidade de apreciar. Apenas olhem a sua filmografia que varia desde clássicos memoráveis como Taxi Driver, Touro Indomável, Os Bons Companheiros, Cassino até obra-primas menos conhecidas e não por isso menos consagradas como Caminhos Perigosos, A Cor do Dinheiro, Depois de Horas, Cabo do Medo, Gangues de Nova York, O Aviador, entre vários outros. Era o ser - humano vivo mais injustiçado pela Academia até vim ganhar seu Oscar tardiamente por Os Infiltrados.
Depois de ter sido injustiçado e algumas vezes esnobado pelo Academy Awards, Scorsese viria a ganhar seu primeiro Oscar de direção por um filme em que voltava às suas raízes. A violência suburbana e o mundo da máfia ressurgiriam. O principal destaque deste tipo de filmes de Scorsese é exatamente o realismo incrível que se passa nas telas, ajudado principalmente pelas ótimas atuações que ele retira dos atores, pela sequência dos fatos e claro pela violência, da maneira visceral e natural com que ela é tratada, andando lado a lado com o humor negro, fato bastante constante em seus filmes.
Pois bem, no post anterior comentei sobre o filme original em que Os Infiltrados se baseia; Conflitos Internos. E pela segunda vez Scorsese consegue fazer um remake superior à sua obra original, vide Cabo do Medo. Apontei algumas falhas na direção e principalmente no roteiro de Conflitos Internos, e aqui nesta versão americanizada essas falhas são devidamente corrigidas e melhoradas. O fantástico roteiro de William Monaham não só muda os nomes e o local da trama, ele reinventa basicamente tudo, sua transformação da história de Hong Kong para Boston foi espetaculamente bem feita e realizada. Como comentaram no post anterior, ele reimagina e faz com que Os Infiltrados, embora possuam a mesma temática e sequência, seja uma trama diferente de Conflitos Internos.
Os longas de Marty são como já refletido bastante realistas, mostram o mundo que se aborda no filme como ele realmente é. E para basear-se nesse aspectos, Scorsese fundamenta-se em três princípios quando se fala de bandidagem; o erro e fragilidade humana, a violência suburbana e o humor negro. Todos andam lado a lado e ou alternam ou ocorrem ao mesmo tempo da película, todos estão sujeitos a sofrer ou até praticar a violência, dependendo do momento de fragilidade em que se encontram, sem nunca perder as piadas de excelente bom gosto contadas ao longo da obra que serve para além de quebrar o clima, manter um realismo a mais.
Mas não é somente isso que merece destaque na direção de Scorsese. Além desses aspectos já conhecidos da sua filmografia, ele ainda nos passa uma tensão acentuando num suspense agonizante, assim como Conflitos Internos, mas em The Departed esse suspense é passada de maneira mais natural, isso se deve à maturidade de sua direção e claro a excelentes atuações que acompanham e seguem uma narrativa impecável, que retira de todos o seu máximo. Não é preciso falar a história do longa penso eu, todos já devem ter assistido, mas rapidinho.
Billy Costigan (Leonardo DiCaprio) se infiltra na máfia de Frank Costello (Jack Nicholson) , que por sua vez infiltra Collin Sullivan (Matt Damon) na polícia, e quando ambos descobrem a existência de um espião dentro deles, eles tentam identificar quem seria o rato dentro de cada uma. DiCaprio prova mais uma vez que não é o rostinho bonito que encanta as adolescentes mundo afora, tem uma atuação espetacular nos passando um personagem conflituoso e triste com a vida que vai levando. Matt nos passa um personagem mais carismático e talvez por isso mesmo, mais irônico onde se interessa apenas para o que ocorre consigo e nada mais. Já Jack se sobressai e nos apresenta mais um dos mafiosos memoráveis da história do cinema. Martin Sheen, Alec Baldwin, Ray Whinstone e principalmente Mark Whalberg, todo elenco do filme teve uma atuação consistente, ajudada bastante por Scorsese.
E só para constar, o filme faz uma grande crítica à realidade cotidiana, nos seus minutos finais. Na minha opinião; mais uma obra-prima de Scorsese.
Cotação: 9.8